CHICO XAVIER NO CÉU
Quando
o corpo de Chico Xavier, já velho e cansado, morreu aqui na Terra, seu espírito
foi recebido lá no céu. Conta que ele vinha subindo as escadas celestiais devagarinho,
passo a passo como um velhinho cansado da vida - porque pensava que ainda era
um velhinho - e Emanuel, que o acompanhava, lhe disse: - Vamos, irmão, você
está sendo esperado com bastante entusiasmo lá em cima, apresse-se! - Chico
ficou sem entender e o mentor lhe disse para olhar para si mesmo e perceber sua
nova condição, ele não era mais um velhinho, seu espírito sempre fora jovem e
agora estava livre daquele corpo velho e cansado. Olhando para si mesmo, Chico
então percebeu seu novo estado físico e firmou-se sobre as pernas jovens puxando
o fôlego em seus pulmões de atleta, subindo as escadas quase que correndo.
Ao
chegar às portas do céu, duas colunas de anjos perfilados à direita e à
esquerda o aguardavam com cânticos celestiais belíssimos, tão belos que somente
no céu mesmo para se produzir tamanha beleza de cânticos. Tudo era tão branco,
tão transparente, tão límpido, tão suave, tão belo e a música tão maravilhosa
que Chico perguntou a Emanuel se era alguma data especial ou se o céu era sempre
assim mesmo, sempre aquela cantoria. Emanuel lhe respondeu que aquela festa era
especialmente para ele, para recepcioná-lo. Chico, com seu jeito tímido e
discreto, de imediato quis recusar a recepção toda, mas logo foi reconhecendo
no final das fileiras de anjos perfilados algumas figuras resplandecentes que
ele conhecera quando recebia suas mensagens aqui na Terra e as transcrevia. Foi
correndo para abraçá-los, mas então uma outra figura ainda mais resplandecente
apareceu no meio deles e abriu os abraços para recebê-lo. Era o próprio Jesus
Cristo em pessoa. Chico, ao reconhecê-lo, pôs-se de joelhos e sentido a emoção,
pensou em chorar. Porém, na presença do Senhor não há choro, nem de alegria, e
foi com estranha satisfação que Chico percebeu a mão do Senhor estendida a sua
frente a lhe amparar. Chico segurou a mão do mestre e levantou-se lentamente.
Já em pé, frente a frente com o filho de Deus, Chico, que não conseguia chorar,
apenas sorria seu sorriso mineiro. Então o Senhor o trouxe para junto de seu
peito e o abraçou com carinho fraterno, um abraço de irmãos que, embora sempre
conectados, não se viam há muito tempo. Chico Xavier então foi transpassado por
uma onda energética de luz que poucos seres no universo tiveram o prazer de
senti-la com tanta intensidade. O abraço durou algum tempo, parecia que o
Senhor realmente tinha satisfação em vê-lo pessoalmente. – Bem vindo ao seu
lar, irmão, nós estamos orgulhosos de você. - Falou o metre, olhando em seus
olhos. Chico, com seu jeito tímido de caipira mineiro adquirido aqui na Terra,
não sabia onde esconder o rosto de tanta vergonha, também adquirida aqui na
Terra. Pensava no trabalho que estava dando ao Senhor e aos anjos celestiais
com toda aquela recepção desnecessária, pois ele preferia entrar quietinho, bem
caladinho como um bom mineiro, por uma portinha lateral sem chamar a atenção de
ninguém, sem dar trabalho. Só queria estar ali.
Então a legião
de anjos e os outros seres celestiais resplandecentes entoaram um coro de
palmas e Chico ficou ainda mais envergonhado. Parecia que o céu, com todos seus
moradores, toda sua beleza, toda sua energia celestial havia parado para
homenagear o mineiro de Uberaba. Mas o Senhor logo lhe disse: - Irmão, você é
mais que especial para nós, sinta-se especial. - Logo vieram seus amigos a lhe
abraçar também e serem contagiados por aquela onda energética de luz que o
mestre o havia transpassado. Assim, Francisco Cândido Xavier foi recebido no
céu, seu verdadeiro lar. Deste então o céu passou contar com a mineirices do nosso
amado irmão Chico Xavier.
Zeca d’Oxóssi da Aldeia Tupinambá